Mulher. Advogada. Guerreira.

10/03/2016. Enviado por

Artigo publicado originalmente em minha coluna Advogado Moderno do Jornal Hoje Em Dia: http://www.hojeemdia.com.br/m-blogs/advogado-moderno-1.362158/mulher-advogada-guerreira-1.384628

Olá amiga e amigo advogado, tudo bem?

Em comemoração ao Dia Internacional Da Mulher, a coluna de hoje homenageia você, advogada, relembrando a história da brilhante Myrthes Gomes de Campos, a primeira mulher a exercer a advocacia no país. Myrthes nasceu no ano de 1875 em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro, e desde muito nova demonstrou interesse pelas leis. Ainda jovem, mudou-se para a capital onde concluiu o bacharelado em Direito, em 1898.

Ocorre que, devido ao preconceito da época, apenas em 1906 conseguiu legitimar-se como advogada, quando ingressou no quadro de sócios do Instituto dos Advogados do Brasil. No ano seguinte, Myrthes teve a oportunidade de atuar como defensora no Tribunal do Júri. Pela primeira vez no Brasil a voz de uma mulher foi ouvida como patrona de uma causa. Tal fato foi amplamente noticiado pela imprensa.

A sua presença no Tribunal era sempre um grande acontecimento, reunia curiosos e provocava debates calorosos sobre os papéis da mulher na sociedade. Foi uma profunda estudiosa do Direito. Além de colunista fixa no Jornal do Commercio, assinou inúmeros artigos na imprensa especializada e publicou importantes obras no campo da jurisprudência.

Enfrentou preconceitos, lutou pelo voto feminino e tratou de vários temas ainda hoje polêmicos, como aborto, divórcio, emancipação, liberdade e direitos da mulher. Após a sua aposentadoria ela faleceu no ano de 1965, no Rio de Janeiro.

Hoje podemos verificar uma crescente presença feminina na advocacia e em outras carreiras jurídicas, o que nunca teria sido possível sem a atuação de mulheres como Myrthes. Muito já se evoluiu, porém estou certo de que é preciso evoluir mais. Enquanto mulheres forem desrespeitadas nas ruas, violentadas, oprimidas, assediadas e diminuídas, moral ou fisicamente, a luta não pode parar. Para não dizer que em grande parte das vezes a violência acontece dentro de casa. Essa violência também acontece de maneira sutil, por meio da objetificação da mulher amplamente difundida em nossa cultura.

Eu sou homem, branco, de classe média, estudei nas melhores escolas e universidade. Eu não sinto na pele a dor de muitas minorias ou maiorias oprimidas. Porém, carrego a culpa e a certeza de que muitas vezes fui machista e preconceituoso ao longo de minha vida, e ainda sou. Para que possamos evoluir é preciso assumirmos os nossos erros e, principalmente, começarmos a agir de maneira diferente. Homens e mulheres, advogados e advogadas, é chegada a hora de consertarmos erros históricos e de fato oferecermos igualdade para os desiguais. As mulheres exercem papel fundamental nessa luta e estou certo de que experimentaremos verdadeiras mudanças quando elas assumirem de vez o lugar dos homens em setores predominantemente masculinos.

Abraços e até a próxima quinta!

Assuntos: Advogado, Direito Civil, Direito do Trabalho, Direito Penal, Direitos da mulher, Direitos humanos

Comentários


Conteúdo Relacionado

Fale com advogados agora


Compartilhe com seus amigos

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+