19/11/2013. Enviado por Dra. Rúbia Strapazzon
Terceiro Setor é uma terminologia utilizada para designar o setor que vem suprir as falhas do primeiro setor (estatal) e do segundo setor (privado) no atendimento às necessidades da população.
As ações desenvolvidas no terceiro setor sempre foram baseadas em conceitos de assistencialismo, filantropia e altruísmo. Porém, as entidades assim como governo ou empresas contam com uma estrutura básica e necessária para atingir seus objetivos e atender realmente as necessidades de seu público. Deparamos-nos assim, com o grande problema que envolve o terceiro setor, a profissionalização das entidades.
Basta fazermos uma rápida pesquisa na internet e vamos encontrar editais de apoio a projetos sociais, ambientais, culturais, esporte, entre outras áreas, abertos a todas as entidades que se enquadrem nas exigências para participação. Em muitos casos, um grande número de instituições não participa desses editais por não terem nem mesmo acesso a essas informações.
O acesso a internet é tão fácil hoje em dia, e porque tantas entidades deixam de participar de seleções? Simples, elas não possuem ao menos uma pessoa no quadro de funcionários que se dedique a pesquisar e selecionar os possíveis editais que estariam de acordo com os objetivos da entidade, e na sua grande maioria nem quadro de funcionários possui.
Mas uma empresa, com certeza possui um funcionário que dentre suas funções tem a tarefa de verificar editais de licitação, potenciais novos clientes. O governo possui áreas específicas para a contratação de serviços. E as entidades? Não possuem em sua grande maioria nem mesmo uma secretária, quem dirá alguém que esteja ocupado com uma função tão importante de seleção de possíveis fontes de recursos.
Isso é uma pequena amostra da grande questão que é a profissionalização do terceiro setor. Ainda, nem sempre o edital ou a apresentação do projeto são simples, muitas vezes demandam um trabalho complexo, pois uma ação prometida e não cumprida pode acarretar problemas na prestação de contas ou no relatório de atividades, e gerar uma punição para a instituição.
Portanto, as entidades precisam profissionalizar-se ao ponto de contarem com estrutura física e de pessoal capaz de tornarem o terceiro setor muito mais forte, não baseado na filantropia ou assistencialismo, mas baseado em ações que podem fazer o público atendido a crescer muito mais.
O terceiro setor vive hoje numa via de mão dupla, precisa muito mais de fontes de recursos para manter-se e atingir seus objetivos, mas de outro lado, vem a iniciativa privada com editais de seleção de projetos e o governo com editais dispostos através de sistemas, cada vez mais complexos, dificultando a sobrevivência de entidades só com doações ou subvenções que não suprem nem uma pequena parte das necessidades da instituição.
Tão complexo é o tema da profissionalização do terceiro setor, que ainda podemos destacar outro ponto crucial, a impossibilidade muitas vezes gerada para a contratação de profissionais de áreas independentes que possam auxiliar na condução dos trabalhos da instituição. Isso reflete em casos de contratações em desacordo com a legislação, falta de informações a que estão obrigadas com a conseqüente irregularidade de documentos.
As mudanças ocorreram em todos os setores, seja no privado ou no público, no passar de anos, e para o terceiro setor não seria diferente, os problemas já são outros, as possibilidades de resolvê-los também, como a gama de meios para atingir o público atendido e a sociedade, exemplo disso são as redes sociais.
Portanto, não é mais suficiente para a instituição ter apenas pessoas voluntárias trabalhando em suas atividades, ela já precisa de muito mais, de pessoas dedicadas e exclusivas na entidade, como se trabalhassem no primeiro ou segundo setor, fortalecendo tanto a captação de recursos, o número de público atendido, a diversidade de projetos, programas e ações em prol daqueles que atendem.
Rúbia Strapazzon
Advogada