O Avesso das Coisas - Junho Verde e Amarelo e a Revolução das Ruas

22/07/2013. Enviado por

No último mês de junho, vivemos exatamente “o avesso das coisas”. Liderados exigindo que seus líderes executassem o trabalho para o qual foram eleitos. Não haviam interesses meramente individuais nos pedidos ou pleitos, mas interesses coletivos.

Antes de morrer, em 1987, o poeta Carlos Drummond de Andrade entregou aos editores os originais do livro “O Avesso das Coisas”. Um conjunto de máximas com aparência de mínimas.  No último mês de junho, vivemos exatamente “o avesso das coisas”.

Liderados exigindo que seus líderes executassem o trabalho para o qual foram eleitos. Não haviam interesses meramente individuais nos pedidos ou pleitos, mas interesses coletivos, que de tão puros e simplórios, eram, tal qual a obra prima do mestre, “um conjunto de máximas com aparência de mínimas”. Pedidos por ausência de corrupção, transporte de qualidade, saúde e educação proporcionais aos altíssimos impostos pagos, e organização governamental no “Padrão FIFA”.

É o mínimo que os manifestantes e todos nós brasileiros temos o direito de exigir, e produzirão o máximo de resultado e contentamento dos liderados. A verdade é que um mar de gente indignada foi para as ruas, impedindo a participação de partidos, sindicatos, ong´s nos protestos, porque não se sente representada por nenhuma classe política ou sindical.

A paralisia completa dos três poderes, e a visão míope das demais entidades organizadas não traduz o sentimento e o desejo do povo brasileiro. Esse povo maravilhoso mostrou que possui uma visão macro, crítica e permanente. Luta contra causas concretas e pontuais, e não dá sinais de que vai esmorecer. A maior prova de que está evoluído e consciente, é que não foi para as ruas na manifestação de 11 de julho de 2013, promovida pelas Centrais Sindicais.

Essa manifestação parou o País, mas não levou o povo para as ruas. Suas reivindicações são legítimas e importantes, porém, no momento histórico atual, ultrapassadas e com menor escala de importância. Está na hora de as entidades organizadas reverem conceitos. O povo se organiza e se educa através do poder das redes sociais.

Tem uma poderosa ferramenta em suas mãos, que lhes mostra e lhes informa sobre os maiores e principais problemas. Sabe que os maiores problemas brasileiros (além da corrupção, ....) estão nos excessivos gastos públicos, na elevada carga tributária e na alta conta dos encargos sociais sobre o trabalho, no momento em que o Brasil acaba de cair da 32.ª para a 51.ª posição no ranking de competitividade entre as 60 nações pesquisadas pelo IMD da Suíça. 

A inteligência empírica da parcela da população que tem acesso à informação, lhe move para evitar que nosso país seja empurrado (pelos nossos governantes) para o caos dos países da Europa, que estão sendo obrigados a promover dolorosos cortes nos salários e nas aposentadorias dos trabalhadores por incapacidade das empresas e das nações honrarem os compromissos que assumiram.

Se não tornarmos nossas indústrias mais competitivas, se não gerarmos mais empregos (terceirizados ou não, com 40 ou 44 horas de trabalho semanal), o futuro nos reservará atitudes mais drásticas e cortes mais profundos. Mas o voto ainda é nossa maior arma.

Como disse o Mestre Carlos Drumond de Andrade na obra citada, “Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave.”

 

Por Dr. Wéliton Roger altoé

Sócio Proprietário da Altoé Advocare Advogados Associados

Revista Escrito para a Revista Lugar de Noticias – Edição Julho de 2013.

Assuntos: Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Constitucional, Direito processual civil

Comentários


Conteúdo Relacionado

Fale com advogados agora


Compartilhe com seus amigos

Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Google+