Visto para os EUA é tema da entrevista semanal

Meu Advogado: No seu artigo publicado no site MeuAdvogado, sua opinião sobre as possíveis mudanças em relação ao visto para os Estados Unidos fica bem clara: é uma desvantagem para o brasileiro. O senhor enxerga algum ponto positivo nesta questão?

Dr. Witer: A não exigência de vistos consulares para Brasileiros adentrarem o território Norte Americano será a grande maldição para o cidadão comum, que sonha visitar e passar alguns dias de férias nos Estados Unidos (por sinal é muito mais barato passar 7 dias de férias em Las Vegas do que no Nordeste Brasileiro). Ressalvo, cidadão comum que economiza, compra sua passagem em longas parcelas.

Não existe nenhuma vantagem em ter sua entrevista com um agente de Imigração Norte Americano, pois dentro de um aeroporto nos Estados Unidos a pressão é muito grande para os dois lados. E para tais, pressão gera erros, que não são passíveis de apelação no exato momento.

Ressalto que não existe uma corte de apelação para assuntos imigratórios dentro dos aeroportos Norte Americanos, como existem os juizados especiais em alguns aeroportos Brasileiros.

Não existe nenhum ponto positivo, estará sendo criada uma ilusão de facilidade.

M.A.: As mudanças estão previstas para quando? Alguma coisa já está diferente no processo de pedido de visto para os EUA?

Dr. Witer: De acordo com o Embaixador Shannon, e para quem entende de assuntos consulares, estas mudanças não ocorrerão em menos de 3 anos. Isto depende de aprovação de ambos os congressos, e sabe-se que o Congresso Brasileiro nunca foi e jamais será rápido em nada.

O processo de solicitação de vistos para os Estados Unidos já está muito mais fácil do que no princípio do ano passado. O sistema ficou muito mais humano, mais rápido e menos burocrático. O que, a meu ver, poderá causar problemas aos próprios cidadãos Brasileiros, uma vez que é muito normal que os aplicantes aos diversos vistos existentes ABUSEM do sistema.

Hoje cerca de 95% das solicitações de vistos são aprovadas. Em nossos escritórios, temos cerca de 99% dos vistos aprovados, por termos nos enquadrados na nova realidade de entrevistas e processo.

M.A.: Todos os tipos de visto estão sujeitos às alterações?

Dr. Witer: Sim. Acredito que somente os vistos de negócios e relacionados serão mantidos. Não faz nenhum sentido a completa abolição de tais. Exemplo: Um visto chamado EB-5, que é conhecido como GREEN CARD DIRECT, faz-se necessário todo um projeto de negócio relacionado ao mesmo. Então se abolir o visto, consequentemente aboliu-se o business/negócio.

M.A.: Se as mudanças, em geral, não são positivas para o brasileiro, por que elas entrarão em vigor? Quem se beneficia com isso?

Dr. Witer: O grande problema é que nossos governantes Brasileiros tomam decisões baseado no meio político e não decisões técnicas. Se perguntarmos a qualquer agente consular de carreira no Brasil ou no exterior, as respostas serão quase as mesmas: contrárias às mudanças. Mas, para o meio político é um grande meio de propaganda ANTI-AMERICANISMO, por certo utilizarão destas mudanças para anunciar que os Estados Unidos não mais solicitarão visto dos cidadãos Brasileiros porque “nosso” poder aquisitivo aumentou, etc e tal.
Somente o meio político se beneficia desta mudança, e as autoridades consulares Norte Americanas no Brasil têm sido forçadas a fazer tais mudanças.

M.A.: O que muda no cenário dos EUA? Por que, depois de tanto tempo, optaram por facilitar a entrada de estrangeiros?

Dr. Witer: Investimentos financeiros e pensantes. Há 40 anos o país da vez era o Japão, depois a China. O grande “trend” Norte Americano é atrair cidadãos PENSANTES e que possam produzir tecnologia em seu território. Hoje, a China não mais exporta estudante para os Estados Unidos.
Basta olharmos as proposta feita por Obama: O governo vai oferecer Residência a quem estudar: Matemática, Física, Ciências, Engenharias, etc. Assim como investirá dólares no território Norte Americano.
Volto a dizer: o governo Norte Americano não vai facilitar a entrada de estrangeiros em seu território, vai sim abolir a necessidade de visto, que é outra coisa totalmente diferente de entrada nos Estados Unidos. Ter visto não significa direito a entrar nos Estados Unidos.