O País das Bolsas Sociais (e de nada mais).

25/06/2013. Enviado por

É intrigante como uma palavra pode ser interpretada de várias maneiras com o passar do tempo. Nos anos 70 e 80, quando vivia minha infância e adolescência, cheia de alegrias e de dificuldade financeira, a palavra bolsa era sinônimo de “sacola”...

Todos os prestadores de serviços que trabalham para oferecer segurança tem por obrigação antever os acontecimentos para evitar transtornos aos clientes.  A ALTOÉ ADVOCARE ADVOGADOS ASSOCIADOS trabalha diariamente com o intuito de disponibilizar segurança jurídica aos seus clientes, parceiros e amigos. Por essa razão, buscamos sempre estar a frente dos acontecimentos para que nossos clientes possam se sentir seguros. Prova disso é que antes mesmo de se iniciarem as manifestações que tomaram conta do nosso pais, no dia 08/06/13, o Dr. Wéliton Roger Altoé, escreveu o artigo abaixo para a revista Lugar de Notícias, expressando a sua livre opinião, que é similar àquela expressada pela massa popular que tomou as ruas de todo o país para exigir que seus líderes exercem suas obrigações com mais respeito pelo povo que os alçou ao Poder. Desejamos que a leitura lhe seja proveitosa e que lhe traga profundas reflexões.

 

O País das Bolsas Sociais (e de nada mais).

 

Por Dr. Weliton Roger Altoé

Sócio Proprietário da Altoé Advocare Advogados Associados

 

É intrigante como uma palavra pode ser interpretada de várias maneiras com o passar do tempo. Nos anos 70 e 80, quando vivia minha infância e adolescência, cheia de alegrias e de dificuldade financeira, a palavra bolsa era sinônimo de “sacola”, mala de mão ou pequeno saco, habitualmente usado pelas mulheres para carregar miudezas. No caso específico da minha família, eram mais usadas para carregar alimentos, pois minha mãe e irmãs não possuíam “miudezas” (maquiagem, etc.) para carregarem.

Na minha fase adulta, nos anos 90, e com a situação menos precária economicamente, comecei a dar atenção à expressão “bolsa de valores”, local ou instituição onde se fazem operações financeiras. Ou seja, a palavra bolsa deixou de ser sinônimo somente de objeto, para também aparecer, pelo menos para mim, como opção financeira.

No início do novo século, entretanto, a palavra bolsa passou a ter um conceito mais abrangente, e significar Bourse subsídio, auxílio, beneficio (normalmente concedido pelo governo). Fala-se mais em “Bolsa Família”, “Bolsa Verde”, “Nossa Bolsa”, “Bolsa Estiagem”, “Bolsa Escola”, “Bolsa Preso”( Auxilio Reclusão), “Bolsa Remédio”, “Bolsa Maternidade”, “Bolsa Pipa” (caminhões de água), “Bolsa Atleta” do que em “bolsa de valores” ou bolsas Louis Vuitton. E a família só vem aumentando. Recentemente chegaram novas primas: a “bolsa crack” e a “bolsa estupro”.

Ou seja, na minha infância, bolsa só tinha um significado, aquele primevo, legítimo: mala de mão ou pequeno saco; Investidores e especuladores ao ouvirem a palavra bolsa, a associam imediatamente à bolsa de valores; o médico associa essa palavra a anatomia: bolsa serosa, bolsa conjuntiva, entre outras. A imensa maioria do nosso povo, contudo, associa esta palavra a subsídio, beneficio, auxílio, muleta (no pior sentido). Nossos filhos estão assimilando este último significado, pois qualquer imprensa, falada ou escrita, fala dessas bolsas a todo o momento. Somos o país mais expoente em bolsas de caráter social.

Não temos escolas, educação, saúde, hospitais, segurança pública, presídios, enfim, nada que nos traga a mínima sensação de que temos um governo preocupado com os cidadãos de bem e pagadores de impostos. Mas somos o “País das Bolsas Sociais”.

Sempre imagino como o Brasil seria apresentado para o mundo. E no momento, imagino que o texto do apresentador seria o seguinte: “Este é o Brasil Brasileiro, terra de samba e pandeiro. O país do futebol, do Carnaval, dos políticos desonestos, do crime organizado, do contrabando de armas, da corrupção descarada, da impunidade, do descaso com a vida, das filas e do mau atendimento público. Além disso, é o País das Bolsas Sociais.”

Não sou contra o subsídio, os benefícios e à assistência àqueles que realmente necessitam. A imensa maioria não é contrária a qualquer tipo de ajuda que possa efetivamente auxiliar as famílias, mas não se pode dar o peixe, temos que ensinar a pescar.

O Brasil de hoje, subsidia e beneficia quem não produz, e, na maioria das vezes, assiste de forma errada ou assiste àquele que não merece. Somos um país que por não ter escolas, educação, saúde, hospitais e segurança pública decentes, não dá condições para que os assistidos saiam da condição de miserabilidade.

Se desejarmos ser uma nação realmente igualitária, temos que mudar o foco. Nosso foco deve estar direcionado para o cidadão de bem, premiar e valorizar aquele que toma atitudes positivas. Temos que focar no bom exemplo, e não passar a mensagem de que se alguém usar crack, sua família estará segura financeiramente. Estamos realmente ajudando?

Temos que subsidiar e incentivar o Cidadão Comum (esse mesmo, que de tão importante, é escrito com letras maiúsculas), pagador de impostos, cumpridor de seus deveres e obrigações. Temos que premiar o Empresário que gera emprego e riquezas; o Professor que realmente transfere e dissemina cultura; o policial que não sucumbe às propostas vantajosas e às mazelas da sua profissão. E, enfim, o Político Honesto, que honra o voto e a confiança recebida do povo. Aquele que não cria bolsas simplesmente para atender a minorias e angariar seus votos nas próximas eleições.

Temos que assistir, acompanhar e auxiliar pessoas que trabalham, praticam e pensam na política da prosperidade, que contribuem com pensamentos, ideias e ações positivas. Ao valorizar atitudes positivas, mais ações positivas aparecerão, e estaremos entrando em um ciclo virtuoso.

Hoje, valorizamos atitudes negativas, e elas se proliferam. A cada matéria jornalística destacando atitudes positivas, tenho a impressão que existem dez informando crimes, falcatruas, corrupção, etc. Como dizem muitos: “se torcer o jornal, escorre sangue”. Não temos que nos conformar com isso. Somos um povo maravilhoso, de exemplos e atitudes maravilhosas.

Podemos ter orgulho de sermos o País do Samba, do Carnaval, do Futebol, e da assistência àqueles que realmente necessitam, mas não podemos aceitar ser o país da corrupção, da insegurança, do crime organizado, do contrabando de armas, da impunidade, do descaso com a vida, das filas e do mau atendimento público

Com a Bolsa Crack, as famílias paulistanas que têm viciados em casa vão receber R$ 1.350,00 por mês, para custear o tratamento do dependente. Esse programa já existe em Minas Gerais, com o nome de Aliança pela Vida, pagando R$ 900,00 por mês. Sabemos que se o viciado tiver uma “muleta” para manter o vicio, não o abandonará. Essa garantia financeira, provavelmente, será inócua ou dificultará a recuperação do ser humano.

Repita-se, se não mudarmos o foco de nossas ações, ou seja, se o subsidio, o incentivo e a assistência não se voltarem rapidamente para a premiação e consequente multiplicação de atitudes positivas, não se voltarem para aqueles que efetivamente cumprem a sua obrigação social e sacrificam-se diariamente para cumprirem os seus deveres de cidadãos, corremos o sério risco de reduzirmos drasticamente o número de pessoas que desejam empreender, produzir e gerar melhorias para toda a sociedade. Existem muitos empresários, cidadãos, profissionais e empreendedores sérios que não aguentam mais a situação. O cidadão de bem está preso em suas casas, aquele que transgride regras está solto; quem produz está condenado a pagar e bancar a corrupção, as “bolsas” inúteis e desvirtuadas, e os políticos que deixam reformas estruturais e essenciais fora da pauta, para votarem projetos que lhes garantirão nas próximas eleições.

O trabalhador, coitado do trabalhador, além de receber um salário achatado pela carga tributária, que impede o pagamento de salários melhores pelas empresas, não ganha qualquer prêmio ou incentivo, pois isso é privilégio do desempregado. O Brasil precisa mudar já. Os incentivos e benefícios devem ter como alvo a maioria trabalhadora e empreendedora do país. As minorias devem ser tratadas com o mesmo respeito e atenção, entretanto, o privilegiado deve ser, sempre, para aquele que age positivamente. A continuar como está, o preço mais adiante será impagável.

Assuntos: Bolsa de estudos, Bolsa de estudos/pesquisa, Bolsa família, Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito processual civil, Prestação de Serviços

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