15/02/2018. Enviado por Dra. Ana Claudia Zan em Direito Autoral
Duas das maiores gigantes digitais anunciaram nesse começo de ano mudanças favoráveis aos autores, aos titulares de direitos autorais, porém, vamos esperar e aguardar com muita prudência resultados efetivos.
De acordo com pesquisas, 82 milhões de pessoas consomem música online por mês no Brasil.
Final do ano passado o Youtube exigiu que para lucrar com seus vídeos tem que ter mais de mil inscritos, quatro mil horas de conteúdo assistido nos últimos doze meses.
O Youtube, no que tange a direitos autorais, paga somente os autores de editoras, os titulares de direitos conexos não, estes só recebem se forem os donos dos canais como a gravadora.
Para esse autor receber, o canal deverá ser monetizado, e, a música tem que estar com o ISRC devidamente cadastrado, ainda, ter um agregador que irá vincular esse ISRC.
Assim, a necessidade de um profissional de direito autoral assessorando, pois tem que ver se o cadastro de ISRC está correto, antes da música subir, e o contrato do autor com quem irá colocar a música, para garantir que esses direitos sejam respeitados.
O Youtube é a maior plataforma, o alcance é maravilhoso no que tange a marketing para qualquer artista, porém, no que tange ao pagamento de direitos, é um gerador de muitas controvérsias, uma vez que o valor que repassa a autores é muito menor que seus concorrentes direto como Spotify e Deezer.
O Google paga Us$ 0,0006 por stream, já o Spotify US$0,0038 e o Deezer US$0,0064.
Portanto, analisando, o Youtube ainda tem muito o que mudar.
O Spotify anunciou que os nomes dos autores e produtores estarão visíveis por enquanto na versão desktop, e esta é apenas uma ação focada nos autores, outras estão por vir.
Isso é muito importante uma vez que o repasse aos autores torna-se muito mais rápido e fácil, sem ter que ficar procurando.
E, com o vínculo do ISRC ficam garantidos também os direitos de execução pública pelo ECAD no Brasil.
Para todo artista é muito importante e gratificante, além de ser quase garantia de sucesso participar de playlists importantes, como de grandes renomes, ou de empresas muito grandes, que recebem muitas visualizações, alguns chegam a pagar para entrar numa playlist.
Algumas vezes, dependendo do artista é feito um acordo e ele recebe, porém, os artistas iniciantes costumam não receber nada.
Mas, é muito importante mesmo ter em mente que essas empresas, esses criadores de playlists famosas não estão fazendo nenhum favor, pois costumam receber, e muito.
Esse é um dos casos da música digital que deverá ser alvo em breve de brigas judiciais, pois, os repasses também são ínfimos, pois por enquanto a grande maioria dos artistas e autores estão recebendo muito pouco diante dos gigantes digitais, e, na realidade eles só recebem tanto por causa da sua música.
No Brasil a Instituição "Procure Saber" que reúne, Gil, Caetano e outros é uma forte reclamante por repasses mais justos.
Todos sabem e é notória a briga da Taylor Swift que chegou até a retirar suas músicas do Spotify, já o Neil Young o fez por considerar a qualidade péssima, quem também retirou em vida foi o Prince.
De acordo com Gandelman: "Só a experiência e o tempo é que indicarão os caminhos a servir e fornecerão as molduras jurídicas atualizadas pela nova cultura, no que se refere a proteção justa dos direitos autorais." (Gandelman, p.152).
É indiferente que qualquer pessoa possa ter acesso a internet, inserindo materiais que outros possam acessá-los, "os direitos autorais continuam a ter vigência online, da mesma maneira que no mundo físico. A transformação de obras autorais por bits em nada altera nos direitos das obras originalmente fixadas em suportes físicos." (Gandelman, p.154).