Emoção, razão e dificuldade de comunicação entre pessoas

11/07/2012. Enviado por

É comum o ser humano se deparar com situações sob em que fica difícil controlar o anseio de gritar, xingar, agredir, mandar para aquele ou para algum lugar. Deve-se tolher a emoção, impedi-la de fluir e usar só a razão? Afinal, não somos de ferro!

A diferença entre o herói audaz e o insensato é tênue, é uma espécie de faro que tem a ver com o destino de cada um”. (Luiz Paulo Horta).

Com frequência, nós falhamos. Se um amigo aprontar, a namorada trair, o colega de trabalho passar pra trás ou fazer fofoca, fazer comentários sobre essas mágoas com outras pessoas é saudável ou não passa de um papo de ressentido?

Devemos ficar calados e engolir? Silenciar é uma arte! Sabe-se que o tempo cuida de cicatrizar feridas, mas não as apaga só porque passou. Porém, faz refletir e aprender a lidar com a sensação que fica.

Manter silêncio não significa engolir a mágoa, abafar o rancor ou fingir que é cego. É a resposta que se dá a quem trata com descaso. Sorrir simplesmente pode responder ao que humilha. Quem ignora pode ficar na memória. Não devemos deixar passar in albis decepções. Pode-se responder o traidor ou mal-agradecido com o abandono, deixando ele sozinho.

Indivíduos há que sentem prazer em ridicularizar o outro ou mesmo fazer com que os próprios amigos se sintam envergonhados ao contar suas intimidades, expondo-os em excesso, só para se colocarem numa posição maior.

Segundo a psiquiatria, constranger e envergonhar representam estratégias perigosas e delicadas. Por trás dessa forma de atitude, está a tentativa de se manter acima e usar a suposta vantagem como um instrumento de poder. Inúmeras situações vividas na humanidade foram assim. Chama-se a isso humilhação.

Há maneiras de mitigar a excessiva autoestima atribuída a alguém, sem humilhar. Se a pessoa disser algo que não gostamos nem um pouco de ouvir, é preciso ser direto. Não é fundamental usar de ironia e, sobretudo, despertar a vergonha do oponente.

Como então agir quando o indivíduo nos tira do sério, diz o que não devia, exige algo impossível e ultrapassa todos os limites? Devem-se deixar as emoções falarem alto no ambiente de trabalho, por exemplo?

Marcelo Árias Dias Dunucalov, psicofisiologista, pesquisador da integração cérebro, corpo e mente, explica que o ser humano é, em essência, um misto de racionalidade e emocionalidade. Para o estudioso, a emoção dá graça e cor à vida, mas se torna um problema, se nos deixamos levar por ela.

Como agir se a coisa pegar no ambiente de trabalho ou se nós estivermos em plena crise no casamento? É preciso ponderar. O ideal é ter consciência das emoções e do significado delas, mas isso não é fácil.

Será possível ser só racional e deixar a emoção de lado? É dificílimo para o ser humano não expressar alguma emoção. O cérebro é dividido em compartimentos distintos que funcionam simultaneamente com a racionalidade e a emoção.

Mesmo o sujeito que aparenta ter somente racionalidade, a diferença é que ele, decerto, pondera e dá significado às emoções. É impraticável agir puramente através da razão.

Como seres humanos sociáveis, dependemos da comunicação. A experiência mostra que, na maioria das vezes, o que dizemos difere do que é entendido ou absorvido. Há ruídos que interferem. A má compreensão pode influenciar negativamente a emoção.

Muitos sentem desconforto ao dizer “não entendi”. Infelizmente, ouvir é uma coisa, compreender outra. É fácil escutar. Contudo, entender é diferente. A maneira de as pessoas se comunicarem pode gerar confusão entre o que foi dito e o que se disse. Frases como “não foi isso que eu quis dizer” e “não é esse o sentido” são comuns.

No Instituto de Neurociência da Universidade da Califórnia em Berkeley, USA, estudos sobre o processamento pelo cérebro dos sons da fala foram sintetizados num mapa de comunicação que considera som, timbre, altura da voz e intervalo entre palavras, além do conteúdo da fala. O cérebro humano precisa decodificar tudo isso até assimilar a mensagem transmitida.

Segundo a fonoaudióloga especialista em linguagem, Ana Maria Maaz Acosta Alvarez, é comum que, ao dizer algo, o interlocutor entenda outra coisa, pois ao escutarmos uma mensagem, para cada tipo de som corresponde uma frequência.

Se a fonte for só auditiva, v.g., o som do rádio ou do telefone, pode-se confundir as palavras. Os nomes semelhantes podem ser trocados. Entretanto, se os interlocutores estiverem frente a frente, os movimentos da boca e os gestos facilitam uma melhor compreensão do que se diz.

Algumas pessoas se fazem entender melhor que as outras. Possuem o dom da fala e comunicam ideias de modo simples, claro e articulado, no sentido da articulação da fala. Conseguem falar em menor velocidade e pronunciar bem os sons. Com isso, são entendidas mais facilmente.

Pessoas há que, ao se expressar, distorcem os sons. Isso pede maior esforço do cérebro para perceber o sentido dos sons produzidos com distorção. Assim, o cérebro precisará de mais tempo para saber o que foi dito, o que dificulta a intelecção.

As dificuldades de comunicação podem e devem ser tratadas. Ser inteligente e culto não é o bastante. Expressar-se bem é essencial! Quem não consegue se expressar com clareza acaba tendo problemas. Cuidado!

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