Acalme-se e obedeça a legislação

Suponha que você é motorista de caminhão de uma empresa de outra cidade. Véspera de Natal, você bebeu bastante e abalroou um veículo estacionado em frente a uma casa de diversão. O dono do carro atingido exigiu como pagamento pelos estragos R$ 1.600,00 (hum mil e seiscentos reais). Você informa que não porta esse dinheiro e pede para irem à casa de um amigo para pegar a importância e efetuar o pagamento. Ocorre que o outro não concordou. Tomou a chave e levou o caminhão para casa como se dele fosse, sem ao menos lhe informar o endereço ou ao seu empregador. O caminhão só foi encontrado por ser rastreado. Caso você estivesse assistido por um advogado, faria um Boletim de Ocorrência por roubo já que o caminhão fora levado mediante violência e grave ameaça, art.157 do Código Penal.

Certamente o outro compareceria a Delegacia com Advogado e alegaria que não cometera crime algum, pois não tinha interesse de ficar com o caminhão, queria apenas uma garantia de que receberia a importância referente aos danos causados ao carro; poderia inclusive dizer que agindo assim ajudou o caminhoneiro visto que este não tinha condições de dirigir embriagado. Informaria ainda que teria fornecido o endereço, mas, o motorista por estar embriagado não memorizou. Caso o delegado não concordasse com os argumentos, sugeriria que não se tratava de furto art. 155, nem de roubo art. 157, do Código Penal, mas apenas, em tese, Exercício arbitrário das próprias razões. Art. 345 CP - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.

Em fim, os dois iriam gastar com advogados. Moral da história. É aconselhável ter equilíbrio emocional e conhecimento da legislação para não fazer justiça com as próprias mãos. Muita calma nessa hora. Quando se perde a cabeça o molho sai mais caro que o peru.