O fim do bem estar e a volta do bom senso

14/07/2014. Enviado por

O sonho acabou,a realidade voltou. A copa do mundo no Brasil até o jogo da nossa seleção com a Alemanha foi um espetáculo. Trouxe para o Brasil e para o povo brasileiro uma estranha sensação de bem estar, de trégua em todos setores de nossas vidas.

Por Dr. Wéliton Roger Altoé

Sócio Proprietário da Altoé Advocare Advogados Associados

 

O sonho acabou e a realidade voltou. A copa do mundo no Brasil até o jogo da nossa seleção com a Alemanha foi um espetáculo. Trouxe para o Brasil e para o povo brasileiro uma estranha sensação de bem estar, de trégua em todos os setores das nossas vidas. Todos, sem exceção, alteramos o nosso comportamento. Suportamos o vizinho chato, relevamos os problemas profissionais, adiamos decisões importantes (todas para depois da Copa). Até a queda da Presidente nas pesquisas parou, estacionou.  Por um tempo definido, foi concedida uma “licença poética” aos problemas com a corrupção, saúde, segurança e educação. O povo brasileiro, como em um pacto nacional por adesão espontânea, deixou de contestar e de exigir direitos. O brasileiro, abertamente, optou por envidar esforços para fazer a Copa das Copas. Esbanjamos receptividade, calor humano e simpatia, tal qual o brasileiro é em sua essência. Nos misturamos com todos os nossos visitantes, e eles se misturaram conosco, como nunca havíamos feito. Recebemos todos os povos de modo tão especial e caloroso, que o planeta reconheceu tudo o que Brasil tem de positivo. Enfim, o comportamento do povo brasileiro proporcionou que o Brasil saísse fortalecido desse mundial. Como em um passe de mágica, a eliminação vexatória da equipe brasileira, de alguma forma nivelou o futebol à política, à saúde, educação e segurança. Esse maravilhoso clima construído, essa sensação de bem estar, que gerou uma licença poética aos problemas crônicos da nossa nação e favorecia o continuísmo, acabou. Contrário sensu, a derrota humilhante produz a insatisfação. E a insatisfação trabalha a favor da mudança. O fracasso da nossa Seleção, com requintes de crueldade, representa o fim dessa “trégua coletiva e espontânea”, e fará o brasileiro voltar os olhos para aos problemas do país. Não só para o atraso futebolístico, técnico, tático, e organizacional. Mas principalmente para os escândalos e a corrupção que envolve a Petrobrás, os Mensaleiros, os viadutos que caem antes da inauguração, entre outros. Como pode um acontecimento tão distante dos maiores problemas do Brasil (a derrota da Seleção) impactar tão decisivamente no resultado da nossa principal missão em 2014: Eleger nosso novo presidente? Está na hora de acordar do sonho. Nosso país precisa capitalizar os ganhos da copa do mundo, a exposição positiva, e buscar medidas internas que nos possibilitem aproveitar esse momento. A Copa acabou e as visitas foram embora, encantadas com o nosso povo e com o nosso país. Podemos então voltar nossos olhos para o bom senso, para hospitais inacabados, para um aumento anual de gastos com o legislativo e executivo (Federais, Estaduais e Municipais), e para a redução de gastos dos governos com educação, saúde e segurança. O Governo Dilma encerra a Copa no seu momento mais frágil: economia estagnada e a inflação mais alta do seu mandato. O Desembargador Pedro Valls Feu Rosa afirmou que; "A corrupção no Brasil suga dos cofres públicos, anualmente, o equivalente a 1,35% do PIB, o que representa também o orçamento de sete ministérios". A boa notícia é que vemos uma movimentação que se insurge contra a corrupção e a imoralidade do trato da coisa pública. Todos querem mudar esse cenário. Pairam, as seguintes dúvidas: o vexame do 7  a 1 para a Alemanha é maior do que o vexame do mensalão? Qual produzirá maiores prejuízos para a população? Essa derrota traz um choque de realidade? Porque o mensalão, o caso da Petrobrás e superfaturamento com os gastos da Copa não podem gerar o mesmo choque? Somos derrotados todos os dias e nada muda. A derrota escancarou a realidade. A vitória poderia dar a falsa impressão de que o continuísmo seria o melhor caminho. Temos um campeonato muito mais importante para “disputar” em outubro de 2014. Esse, de fato, mudará a vida de todos os brasileiros.

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